quinta-feira, 21 de abril de 2016

SIM, VAI TER GOLPE! INFELIZMENTE...


Sinceramente, eu tenho dúvidas se ainda é possível acreditar em alguma chance de não acontecer o impedimento da presidenta Dilma. Não que eu não queira com todas minhas forças que a ordem democrática e a escolha popular das urnas prevaleçam. Só que, infelizmente, não acredito tanto mais nessa possibilidade (estou aberto a injeções de ânimo e visões otimista). A questão nunca foi a democracia. Desde o resultado da eleição (antes até) se elevou contra a Dilma e o PT discursos e práticas que resultaram na negação da justiça, da constituição e das instituições democráticas.
Vemos um STF acovardado, que impossibilita a posse de Lula como ministro, permite um impeachment sem crime de responsabilidade, que deixa solto um cara como Eduardo Cunha e arquivou qualquer denuncia contra o PSDB. Vemos um TSE que consegue fazer um malabarismo impensável em que possa condenar unicamente a Dilma e absolver seu vice da mesma chapa. Observamos atônitos uma prática judicial que nega qualquer princípio de não culpabilidade sem investigação, em que uma delação é elevada à qualidade de prova e que prende primeiro e antes de qualquer investigação séria. Ou seja, a questão nunca foi a justiça. 
Assim, tendo a achar uma ingenuidade (uma posição que eu mesmo tive que me convencer) de que se pode esperar uma decisão justa e democrática nesse caso. Acho vã qualquer esperança de que o senado consiga barrar o impeachment ou o STF intervenha em nome dos preceitos constitucionais. Muitos dos nossos políticos, empresários, jornalistas e juristas querem uma democracia sem povo. Depois da burlesca votação do impeachment na câmara fica difícil acreditar que o simples respeito à constituição pode nos salvar. 
Nesse circo que se apresenta e no qual ao povo parecem relegar um papel secundário ou de mero espectador, cabe unicamente à população a ocupação das ruas e do espaço público e o virtual. Vai ter golpe, sim, infelizmente. Gostaria de estar errado! Mas, não vejo muitas formas de se evitar isso que não seja a mobilização constante de quem nunca saiu das ruas ou o crescimento e divulgação da opinião pública internacional contra o golpismo. 
Ocupar as ruas é importante para não deixar o golpe prosseguir. O impeachment da Dilma é só o primeiro passo. Se os golpistas não se contentarem com uma cabeça oferecida à multidão, vão continuar no complô jurídico-midiático para acabar com o PT e qualquer chance do Lula voltar em 2018. Mas uma coisa é certa, com o golpe se efetivando a esquerda será fortalecida para as eleições municipais. Isso se aprender duas lições importantes: apesar das diferenças os partidos de esquerda devem se unir e, principalmente, nunca mais se envolver com partidos como PMDB, PP etc.

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